Diferença
entre o indivíduo e a sociedade
A visão entre o individuo e a
sociedade é fundamental nas Ciências Sociais, e faz parte dos primórdios do
desenvolvimento da Sociologia, que surgiu em meio a um crescente processo de
industrialização iniciado ainda no século XVIII e que levou ao surgimento de
inúmeros problemas sociais no inicio do século seguinte, quando surgiu a
disciplina. Podemos dizer que as transformações ocorreram pela transição de uma
realidade rural para um ambiente urbano e industrial. O advento de estruturas
sociais mais complexas fez com que os homens se vissem na necessidade de
compreendê-las. Brota uma nova ciência que, partindo do instrumental e das
ciências naturais e exatas, tenta explicar a realidade, estudando
sistematicamente o comportamento social dos grupos e as interações humanas.
Conceito de Sociedade
A sociedade, tal como passou a ser
compreendida no início do século XIX, pressupunha um grupo relativamente
autônomo de pessoas que ocupavam um território comum, sendo, de certa forma,
constituintes de uma cultura comum.
As relações sociais não só
referentes às pessoas, mas, inclusive, às instituições, moldavam as sociedades
diversas.
A sociedade é entendida,
portanto, como algo dinâmico, em permanente processo de mudança, já que as
relações e instituições sociais acabam por dar continuidade à própria vida
social. As Ciências sociais lidaram com essa relação de diferentes modos, ora
enfatizando a prevalência da sociedade sobre os indivíduos, ora considerando
certa autonomia nas ações individuais. Para o antropólogo Ralph Linton, a
sociedade, em vez do indivíduo, é a unidade principal, aquela onde os seres
humanos vivem como membros de grupos mais ou menos organizados.
Weber X Durkheim
Dois dos principais mestres da
sociologia clássica compreenderam de maneira diversa a relação entre indivíduos
e sociedade.
Emile Durkheim priorizou a sociedade
na análise dos fenômenos sociais, considerando-a externa aos indivíduos e
determinadora de suas ações, Max Weber entendia ser preponderante o papel dos
atores sociais e as suas ações. Weber entendia a sociedade como o conjunto das
interações sociais. A “ação social”, objeto de estudo Weberiano, toma este
significado pelo conjunto de pessoas que constituem a sociedade.
Para Durkheim, os fatores sociais
são anteriores e exteriores aos indivíduos, exercendo sobre eles um poder
coercitivo que se impõe sobre as vontades individuais. Num sentido oposto,
Weber priorizou as ações individuais para compreender a sociedade,
considerando-as como um componente universal e particular da vida social,
fundamental para se conhecer o funcionamento das sociedades humanas, em que
vigoram as interações entre indivíduos e grupos sociais.
De acordo com o sociólogo alemão Norbert
Elias (1897-1990), é comum distanciarmos indivíduo e sociedade
quando falarmos dessa relação, pois parece que julgamos impossível haver, ao
mesmo tempo, bem-estar e felicidade individual e uma sociedade livre de
conflitos. De um lado está o pensamento de que as instituições - família,
escola e Estado – devem estar a serviço da felicidade e do bem-estar de todos;
de outro, a ideia da unidade social acima da vida individual.
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