sexta-feira, 11 de abril de 2014

CENÁRIO DA SOCIABILIDADE COTIDIANA

Vizinhos e Internautas


Rio de Janeiro - Estudiosos do comportamento humano na vida moderna constatam que um dos males de nossa época é a incomunicabilidade das pessoas. Já foi tempo em que, mesmo nas grandes cidades, nos bairros residenciais, ao cair da tarde era costume os vizinhos se darem boa noite, levarem as cadeiras de vime para as calçadas e ficar falando da vida, da própria e da dos outros.

A densidade demográfica, os apartamentos,  a violência urbana, o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no casulo doméstico. Moro há 18 anos num prédio da Lagoa; tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem, não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse lamentável departamento, sou regra.

Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na Internet. Um dos argumentos que me dão é que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de arroz na China e como estão os melões na Espanha.

Uma de minhas filhas vangloria-se de ser internauta. Tem amigos na Pensilvânia e arranjou um admirador em Dublin, terra do Joyce, do Bernard Shaw e do Oscar Wilde. Para convencê-la de seus méritos, ele mandou uma foto em cor que foi impressa em alta resolução. É um jovem simpático, de bigode, cara honesta. Pode ser que tenha mandado a foto de um outro.

Lembro a correspondência sentimental das velhas revistas de antanho. Havia sempre a promessa: “Troco fotos na primeira carta”. Nunca ouvi dizer que uma dessas trocas tenha tido resultado aproveitável. Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva primeiro aprender a se comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o desdém de nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa noite.
CONY, Cartos Heitor. Vizinhos e internautas. Folha de S.Paufo, 26jun. 1997. Opinião, p.A2



1. No texto, Carlos Heitor Cony fala de mudanças que ocorreram em sua cidade nos últimos anos. No lugar onde você vive, ocorreram mudanças importantes nos últimos trinta anos? Analise-as e verifique se elas alteraram o modo de vida e as relações entre as pessoas.
Sim, ocorreram mudanças ainda não tão grandes, mais acontece essa falta de comunicação entre as pessoas, pelo fato da grande inovação da comunicação através da tecnologia.
Com tudo isso a vida das pessoas da sociedade mudou, passaram a se comunicar com pessoas diferentes, conhecer lugares novos, isso tudo influenciou bastante.


2. Você pensa que as mudanças na sociedade podem influir no comportamento das pessoas no espaço da família, da escola ou de outros grupos de convívio? De que forma?
Pode ser que sim, algumas pessoas mudam o comportamento assim que começam a mudar seu jeito de pensar, muitos se isolam do mundo real e criam um mundo só pra si mesmo por causa da tecnologia, muitas pessoas não são mais como antigamente no modo de se comunicar com outras, hoje em dia a comunicação acontece muito por meio de redes sociais, mensagens, etc.

3. A Internet nos aproxima de muitas pessoas que com frequência nem conhecemos, mas parece que nos distancia de quem está perto de nós. O que você pensa disso?
A internet nos possibilita conhecer  várias pessoas de todos os cantos do mundo ,o mundo virtual facilita através de redes sociais, um relacionamento com pessoas desconhecidas para nós. Mas devemos tomar cuidado, pois essa comunicação com novas pessoas podem acabar nos afastando de pessoas próximas a nós, pessoas da nossa própria família, que nós convivemos diariamente, muitos dias de uso da internet pode viciar uma pessoa, que deixa de dar atenção aos amigos e familiares para se relacionarem com gente desconhecida.
 
 
 

Socialização por fragmentos

No primeiro capítulo de seu livro Visões da tradição sociológica , o sociólogo estadunidense Donald Levine discute uma das características do nosso tempo: a visão fragmentária do mundo. Seu texto inspira uma reflexão sobre o processo de socialização tal como ocorre hoje.
Cada vez mais, a socialização acontece em pequenos fragmentos. A televisão despeja imagens e as pessoas “zapeiam” de canal em canal. A leitura de livros é substituída pela de resumos ou de resenhas publicadas nos periódicos, quando não apenas por frases e parágrafos soltos destacados em revistas semanais. Os computadores apresentam as notícias e informações como se fossem todas iguais e tivessem a mesma importância. Os pais entregam os filhos para as escolas e acreditam que com isso os estão educando. Os estudantes demonstram uma capacidade reduzida para argumentar com fundamento e quase não têm uma visão histórica ou processual do que está acontecendo, pois, como nos diz Eric Hobsbawm,  para eles até a Guerra do Vietnã é pré-histórica, o que evidencia não apenas ignorância do passado, mas também falta de um senso de relação histórica. Os mais velhos são considerados improdutivos e ultrapassados, um peso para os familiares, como se não pudessem  mais dizer ou ensinar algo aos mais novos. O que importa é o momento e o novo que aparece a todo instante.


1- É possível um processo de socialização que não leve em conta a experiência acumulada? Explique.
Não, pois para se ter um processo de socialização, é necessário saber que há muitas diferenças e saber que é preciso olhar para elas, você precisa saber como era a sociedade a algum tempo atrás, e ver como está hoje pois estamos em um país alienado. Não tem como se dizer que o Brasil esta um lixo, se não tivesse ninguém que já viu ou quer ver melhoras.

2- As mudanças atualmente são tão radicais que o que foi escrito e pensado pelos que nos antecederam pouco servem hoje?
Muitas pessoas alienadas podem pensar desta forma, mas não é certo descartar de uma forma tão drástica o que um povo já pensou. As pessoas mais velhas podem sim ensinar muitas coisas aos mais novos e os que nos antecederam foram importantes, pois faz parte da nossa história, da nossa cultura.

3- Como você interpreta a fragmentação a que se refere o texto? O quadro pintado no texto está muito carregado de tintas escuras e de pessimismo, ou a realidade é essa mesma?
A cada tempo que passa, o povo está cada vez mais com um pensamento e uma forma de viver individualista. Muitas vezes as pessoas querem suprir suas necessidades de uma forma menos culta de antigamente. A realidade é sim pessimista, e pessoa quer consumir e consumir, mais e mais, para si próprio. O Brasil esta escuro, por um lado mostra-se atual, critica a politica, por outro lado, é um Brasil escuro e que as pessoas que nele estão "entram" em um mundo surreal, da televisão, os estudantes uma capacidade reduzida para argumentar com fundamento e quase não tem uma visão histórica ou processual do que está acontecendo.

 

 

CENÁRIOS DA SOCIABILIDADE CONTEMPORÂNEA


Os sonhos dos adolescentes


Ao longo de 30 anos de clínica, encontrei várias gerações de adolescentes (a maioria, mas não todos, de classe média) e, se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou 20 anos atrás, resumiria assim: eles sonham pequeno.  É curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos, os jovens de hoje sabem que sua origem não fecha seu destino: sua vida não tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profissão não tem que ser a continuação da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferação extraordinária de ficções e informações, eles conhecem uma pluralidade inédita de vidas possíveis.
Apesar disso, em regra, os adolescentes e os pré-adolescentes de hoje têm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para nós, adultos, não é sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustrações.
Um exemplo. Todos os jovens sabem que Greenpeace é uma ONG que pratica ações duras e aventurosas em defesa do meio ambiente. Alguns acham muito legal assistir, no noticiário, à intrépida abordagem de um baleeiro por um barco inflável de ativistas. Mas, entre eles, não encontro ninguém (nem de 12 ou 13 anos) que sonhe em ser militante do Greenpeace. Os mais entusiastas se propõem a estudar oceanografia ou veterinária, mas é para ser professor, funcionário ou profissional liberal. Eles são "razoáveis": seu sonho é um ajuste entre suas aspirações heroico-ecológicas e as "necessidades" concretas (segurança do emprego, plano de saúde e aposentadoria). [...]
É possível que, por sua própria presença maciça em nossas telas, as ficções tenham perdido sua função essencial e sejam contempladas não como um repertório arrebatador de vidas possíveis, mas como um caleidoscópio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco [...] com os amigos.
É também possível (sem contradizer a hipótese anterior) que os adultos não saibam mais sonhar muito além de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nós renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossas falas, as aspirações das quais desistimos, eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada época tem os adolescentes que merece.

CALLIGARIS, Contardo. Os sonhos dos adolescentes. Folha de São Paulo, 11 jan. 2007. Ilustrada, p. E10.

 
1- Será que o autor tem razão? Os jovens só querem um emprego seguro e bem pego, e nada mais?
O autor está parcialmente certo. Não é certo generalizar utilizando 'os jovens'.
É óbvio que os jovens, não só os jovens, mas qualquer pessoa no mercado de trabalho, quer condições boas de trabalho, seguro, e bem pago. Existem muitos jovens que querem trabalhar por gostarem realmente do que fazem (farão), sonham em se aprofundar no assunto, e também aqueles jovens que trabalham pela necessidade de dinheiro, muitas vezes pela necessidade de dinheiro, muitas vezes para ajudar os pais, ou até mesmo sustentar sua própria casa. Todo jovem sonha, e se quiser, com força de vontade, e saber conviver de forma boa, consegue alcançar seus objetivos, basta querer.

2- Os jovens de hoje tem a capacidade de reagir com vigor às injustiças, à degradação ambiental ou à morte de pessoas cotidianamente, pela violência ou pela falta de assistência médica?
Sim, um grande exemplo disso foram as manifestações ocorridas em 2013. A maioria dos protestantes eram jovens. Muitas vezes, pela falta de experiência, os jovens podem até extrapolar, mas os jovens não se pronunciarem de uma forma que chame a atenção das pessoas, (com respeito, sem agressões) quem fará isso por nós?
Normalmente está fácil de encontrar manifestações e elas são uma forma de reação a certos tipos de coisa, como a falta de assistência médica, que é absurda no país, e muitas mortes poderiam ser evitadas se a saúde fosse avançada no país; as injustiças, que quer dizer a respeito principalmente a política corrupta desse Brasil, que usasse o dinheiro recebidos dos impostos honestamente, poderia assim promover melhorias na saúde por exemplo, evitando a grande insatisfação da população; a degradação ambiental, se as pessoas se conscientizassem pois, se você polui o meio ambiente, esta indiretamente se poluindo, uma vez que o ar é poluído pelo homem por exemplo, é ele que o homem respira. Falta as pessoas se conscientizarem pois quanto maior a população não conscientizada, maior será a poluição e em menos tempo o mundo estará com péssimas condições de vida. Os jovens tem a capacidade reagem contra todas essas coisas.

3. Conformismo ou resistência e ação alternativa: qual a bandeira a ser levantada?
Resistência a ação alternativa, pois se conformar e abaixar a cabeça a atos absurdos que acontecem em pleno século em que estamos seria péssimo. Como cidadãos temos o direito de conseguir um trabalho bom, ser bem sucedido profissionalmente, sem ter que mudar de país. Por muito tempo, ficamos na inércia, parados, mas é necessário mudarmos a nossa postura e reagir, mas não apenas reagir apontando os inúmeros defeitos de um Brasil melhor, mas também propondo soluções.